26/01/2010

O SEMEADOR DE ESTRELAS

Durante o dia
Apenas uma estátua
Durante o dia
Apenas uma arte em bronze
Durante o dia
Pode até ser quase não notada
Para uns uma arte conhecida
Para outros até mesmo desconhecida...





A noite chega
E tudo que recebe a luz artificial
Ganha silhuetas,
São as sombras que caminham
Junto com o que se move
São as sombras que permanecem estáticas
Exatamente com o que se encontra estático...

A simples estátua
A arte em bronze quase não notada durante o dia
Tem como aliado um muro
Muro que um artista não se sabe qual,
Dentro de sua delicadeza
Pintou estrelas...







A simples estátua
Um muro
Apenas um muro com estrelas pintadas
Para quem passa,
No momento em que passa
Descobre que aquela estátua arte em bronze
Que as estrelas pintadas no muro
Não é apenas uma estátua e um muro,
É uma poesia silenciosa
Expressando toda sua beleza,
A beleza poética ali representada:
O semeador de Estrelas



Eddyr o Guerreiro

OLHOS DE MEUS PENSAMENTOS








Hoje é mais um daqueles dias
Que deitado em minha cama
Meu olhar perdido inerte
No branco teto do meu quarto
Fazem que
Os olhos de meus pensamentos
Me passem o longo filme de minha vida..

Os olhos de meus pensamentos
Me transportam a um passado longínquo.
Por mais que eu tente ficar bem comigo mesmo,
Não consigo.
Vem-me a lembrança de meu amado pai.
Me vejo criança
Cambota
Com uniforme escolar sujo e amassado
Descabelado com o par de sapatos,
Tanque colegial
Um com o cadarço amarrado ao outro
Jogado sobre meus ombros,
Descalço entrando na oficina mecânica dele
E ele feliz sorridente vindo em minha direção
Com os mesmos dizeres de sempre:
Lá vem meu poeta!
Ah, que saudades... Que saudades!
Janeiro se aproxima
E lá se vão trinta e nove anos sem ele...



Os olhos de meus pensamentos
Me levam para mil novecentos e setenta e seis.
Me vejo sentado na pequena praia da Urca
Ao lado de minha Regina.
Ela com sua rouca voz interpretando Janis Joplin
Dedilhando as cordas de seu violão
E eu,
Maravilhado ficava.
Ah, Regina!
Como eu lutei pra te tirar das drogas.
Você conseguiu ficar um bom tempo sem elas,
Mas acabou por não resistir
E elas,
As drogas,
As drogas te levaram pra debaixo da terra.
Me culpo até hoje minha prenda
Por não ter sido suficientemente forte
Pra te salvar.
Você Regina
É uma saudade muito grande
Que dela não consigo me livrar
E-DA-Í,
Que março também se aproxima
E justamente no dia de meu aniversário,
Você partiu drogada
Vivendo o colorido que a vida real não tem
Nessa viagem sem volta
Para o desconhecido mundo do além...



A vida é cheia de altos e baixos
E nessa leva se foi minha mãe,
Meu irmão,
E muitos,
Mas muitos amigos que eu os estimava.
Meus amigos,
Alguns se foram por doenças
Outros por acidentes
E uma boa parte,
Levados pelas malditas drogas.
Ah, malditas drogas alucinógenas
Eu nunca as usei,
Mas sempre estão presentes
Levando de assalto,
Pessoas que as amo...

Estou por aqui ainda
Não sei por quanto mais tempo.
Vou seguindo pelas madrugadas
Sempre acompanhado de meu cotoco de lápis
Uma folha ou mais folhas de papel pelo barzinho de minha vida
Onde várias pessoas se fazem presentes
E fico eu
Com meu cotoco de lápis
Papel
Meus cigarros
Minha tequila
Minhas cervejas
Sentado a frente de um balcão
Sobre o banco que o batizei;
Solidão!...

É Natal, que Natal!...



Eddyr o Guerreiro
Catador de letras e formador de palavras

O VENTO ZUMBIA E ZOMBAVA

Dormia
Você dormia
A noite está fria
Nosso acampamento
Ao rasteiro mato se estendia...

Dormia
Você dormia
Eu acordado
O teu sono zelava
Até a fogueirinha
Parecia querer um agasalho
Pois se mantinha acesa
Por teimosia...

Dormia
A noite dormia
Você com a noite dormia
Noite fria,
Fria noite
Um pouco distante da estrada
O soprar do vento zumbia e zombava
A lua não aparecia
As estrelas se escondiam
Tudo escuro
E eu com uma garrafa de tequila
Me aquecia...



Eddyr o Guerreiro



FELIZ ANO NOVO

Sei que não sou bom nisso,
Mas não custa nada tentar
Uma mensagem para as pessoas amigas enviar.
Não é uma simples mensagem,
É uma mensagem
De esperança
De Paz
E de Amor...

Os fogos no ar em seus coloridos explodem
Olhamos para o tudo que fizemos
Em um ano que está se indo
E em pensamentos
Imaginamos o que poderemos fazer
Neste ano que está chegando...

Sorrisos sinceros
Lágrimas de felicidades
Saudades que nos marcam
Sonhos que nele viajamos
Abraços fraternos
Beijos esperados
Desejos incontidos
Tudo em um só momento se juntam
Numa só explosão de alegria.
É um novo ano que se inicia...

É um momento único
Onde raças e etnias se entendem num só querer
Numa só fala seja em que idioma for.
É um momento único
Onde as religiões tornam-se única em Deus
Sem diferenciar uma das outras,
É um momento único
Que o desejo é um só:
FELIZ ANO NOVO!



Eddyr o Guerreiro

VOU PASSANDO

O mar
Águas mornas
Acariciam meu corpo.
Abaixo de meus pés
A areia lentamente parece se mover
É um algo parecido com minhas ansiedades
Com pressa,
Porém,
Uma pressa lenta
Como no velho ditado:
Devagar se vai ao longe!...

Meu corpo obedece
Ao balanço das ondas
Elas me levam e me trazem
Finco meus pés ao fundo na areia
E meus olhos se perdem no longínquo horizonte
Que não ouso desafiar.
Tenho pressa
O mar tem pressa
A areia tem pressa
A vida espera
Pra que a pressa...



O céu escurece
O mar enfurece
A areia se mexe
E eu com pressa da pressa
Corro pra vida sem pressa.
Eu posso esperar
A vida não.
O mar não espera
A areia não espera
O horizonte se perde
Meus olhos se fecham
Deixo as ondas me levarem
Nesse sobe e desce
Nesse vai e vem.
A vida não vem
Apenas passa
E junto com ela vou passando...



Eddyr o Guerreiro

LEITURA E SABEDORIA

Gosto de ler
Gosto de ler por que
A leitura além de exercitar minha mente
Ela faz-me compreender situações em diversidade.
Lendo me leva a imaginar o tudo que posso imaginar
E nesse meu imaginar em prática passo a criar...

A leitura alimenta meu aprendizado
A leitura me eleva literariamente
E me concede o direito de saber usar minha critica
Meus protestos quando necessário
E o enriquecimento de meu vocábulo...

É mais do que necessário ler,
Pois quem desenvolve essa prática
Está apto e aberto a qualquer que seja um debate
Pronto a atento aos acontecimentos no mundo
E o mais importante para quem sabe ler,
E saber ouvir
Para depois com sabedoria fazer o uso da palavra...



Quem não faz uso da prática de ler,
Está propício a todo o mal que impera no dia a dia
Está alheio aos fatos aos acontecimentos decorrentes no mundo.
Não é preciso ser um intelectual
Basta saber ler e tirar proveito de qualquer leitura
Para que não passe despercebido pela vida...

Quem não usa a prática de ler nunca terá um argumento preciso
É mais do que necessário ler,
Pois além da vida
O que o ser tem mais de precioso é a própria sabedoria
E sabedoria só se é adquirida,
Através de uma boa e sábia leitura...



Eddyr o Guerreiro

PRISIONEIRO DE MEU PRÓPRIO LAR



Rio de Janeiro minha amada cidade
O cartão postal do mundo
Com suas lindas e maravilhosas praias
Hotéis luxuosos
Restaurantes em variedades
Churrascarias encantadoras
Não só na Zona Sul
Como também em nossos simpáticos subúrbios...

Nós cariocas somos por muitos
Chamados de malandros
Praieiros
Madrugueiros.
Não nos importamos com tão pouca coisa,
Os que dizem isso
São os que usam o manto do despeito e da inveja.
Somos fraternais
Somos hospitaleiros
Somos felizes...

Nossas praias no verão
São bem freqüentadas
Não só por nós cariocas,
Recebemos pessoas de todo o país
De todo o mundo
Mas existe um grande detalhe em nossas praias:
As lindas mulheres bronzeadas
Mostrando seus corpos apetitosos e deliciosos...



Rio de Janeiro de janeiro a janeiro
É só beleza
É só encantos
É o lugar feito para todos chegarem
E daqui saírem maravilhados,
Mas eu,
Antes de ser carioca
Antes de me ver carioca
Sou brasileiro
E assim como meu Rio de Janeiro é lindo,
Todos os outros estados da federação
Tem também suas belezas naturais e arquitetônicas.
Tudo é Brasil
E apesar de não ser bem administrado
Eu tenho orgulho de ser brasileiro e carioca...

Foi tempo que tudo o que acima escrevi,
Realmente de pureza e beleza existiu,
Como ainda em partes existe,
Mas na real meu Rio de Janeiro
Está mais para uma cidade sem lei,
A cidade do medo
Que nós cariocas somos na verdade
Prisioneiros de nossos próprios lares...



Eddyr o Guerreiro




POETA INVISÍVEL DA VISIBILIDADE

As poesias que escrevo,
Dizem ser poesias,
São as canções não musicadas
Que existem guardadas
Nas gavetas de meu coração...

São canções sem som
São canções silenciosas
Não escutadas somente lidas.
Minhas letras às vezes assustam
Outras vezes provocam até risos,
Mas há também
Aquelas que tocam almas
Que balançam corações...

Eu me faço canções
Me escrevo poesias
Tropeços nas rimas
Atropelo pontuações,
Mas no prestarem atenção
No entrarem em meus textos
Muitos se envolvem
E passam a viver meus momentos.
Outros sei que até riem
No sentido de deboche,
Pois já não só me escreveram
Como já me disseram
Que como lixo cultural
Meus escritos são valiosos
E como poeta sou o invisível da visibilidade.
Tento entender até hoje o que é ser
Um poeta invisível da visibilidade.
Acho que essa nem o saudoso Nelson Rodrigues,
Saberia explicar...



Não escrevo para poses
Não sei fazer caras e bocas
Quando não encontro uma palavra decente
Na certeza entrará um palavrão.
Sempre afirmo em minhas linhas
Que sou poeta das ruas das vilas e becos.
Sou poeta dos balcões de bares e biroscas
Sou das madrugadas,
Não me faço boêmio, sou madrugueiro.
Já fui jovem
E na minha juventude,
Poetizei a Zona de Meretrício
Como também muitas de suas damas belas mundanas
Quando não,
Me intitulo catador de letras e formador de palavras...

O tempo avançou, avança e avança
E com ele vou avançando mais ainda,
O tempo é testemunha de meus atos
O que escrevi em protestos
Muito foi usado
E hoje o que escrevo
Escrevo de forma depoente e poética
Ao tudo que essa vida me faz viver.
Não sou dos palcos teatrais
E nem dos salões de clubes.
Não suporto lançamento de livros
Gosto isso sim; de ler livros
Seja ele de qual for o autor
Onde sei que nunca eles hão de me ler...



Já fui aplaudido... Abraçado e beijado,
Mas também das vezes que declamei em praças públicas,
Já ganhei ovadas... Tomatadas...
E até mesmo pedradas.
Sou o que sou,
Enquanto puder em linhas me expressar
Diante as injustiças jamais vou calar.
Se nesse meu país,
Se é que ainda posso chamá-lo de meu
A literatura por seus governantes
Fosse valorizada,
Não haveria poetas... Escritores... Cronistas... Compositores,
Ainda vivendo no anonimato.
Prefiro o anonimato
Do que ser baba ovo deste governo
Como muitos hoje,
Os consagrados assim os são...



Eddyr o Guerreiro

ALIMENTO DE NOSSO AMOR

Quero fazer-me pra ti
Um poema
Um poema de amor
Para habitar
O belo jardim de teu coração...

Quero fazer-me pra ti
Um poema
Poema de nossa paixão
Poema de nosso amor
Poema de duas vidas
Que se encontram poeticamente
Poetizando o amor...

Quero meu coração
Cantando uma canção para o teu
Uma canção simples,
Simples assim como somos,
Uma canção de puro amor...

Quero minhas mãos entrelaçadas as tuas
Quero nossos olhos se fitando conversando
Quero nossos corpos grudados se amando
Quero apenas faze-me pra ti
O mais forte alimento de nosso amor
Assim como tu és para mim...



Eddyr o Guerreiro

23/01/2010

Hoje eu sei

Família é bênção de Deus.
Trabalho são alegrias compartilhadas.
Deus é Pai amoroso.
Amigos são oásis no deserto.
Amor só vale com desapego.
Paz é consciência tranquila.
Natureza é poema de Deus.
Dinheiro não compra a felicidade.
Fé - eu quero, eu posso.
Sucesso é ser quem eu sou.
Compaixão me aproxima do outro.
Lealdade é caminhar lado a lado.
Sorriso abre as portas da alma.
Abraço é dar colo para o coração.
Alegria é semear flor no coração do outro.
Sonhos constroem realidades.
Saudade são estrelas que pontilham em meu céu.
Morte é a única certeza.
Vida é se reconstruir a cada dia.

Ana Maria Pupato

Um Natal cor de terra

Pisar o chão e caminhar,
seguir o rumo das estrelas,
plantar sementes de paz,
semear flores de felicidade,
regar o que alimenta o corpo,
respeitar o planeta que nos acolhe.
preservar o que Deus nos deu.
criar raízes de amor.
como as que o Cristo deixou.
Um Natal de boas colheitas!

Ana Maria Pupato

Ciúmes

Por que tenta me prender
se a liberdade é meu guia?
Qual pássaro engaiolado
que a beleza do canto não se compara
ao voar pelos galhos celebrando
a glória de um novo dia,
ter-me em suas mãos como garantia
de ser só sua,
traçam rumos de rebeldia
contra um egoísmo dilacerante.
Solte as amarras da insegurança
e deixe velejar a embarcação do amor
sem nenhuma tirania.

Ana Maria Pupato

Deixe-me comigo

Deixe-me só,
deixe-me comigo,
deixe-me a paz,
preciso me reecontrar,
perdida em tanto amor e dor.
Deixe-me viver,
deixe-me ser,
deixe-me reviver bons momentos,
esquecidos pelo teu egoísmo,
pela ausência de mim.
Deixe-me, apenas deixe-me,
comigo e plena de vida.


Não me recomendo

Sou livre, não quero algemas,
preciso de espaço para existir.

Sou feliz, não preciso de artifícios,
só se vier somar alegrias.

Sou guerreira, não quero covardia,
encaro de frente a realidade.

Sou ímpar, não quero comparação,
com os mesmos direitos de todos.

Sou persistente, não tente me deter,
vitórias assim são conquistadas.

Sou verdadeira, não quero mentiras,
a verdade dói, mas cura.

Sou inteligente, não quero dogmas,
o raciocíonio abre caminhos.

Sou humana, desconheço onipotentes,
erro e acerto e assim aprendo.

Não me recomendo porque não sou nada
e sou tudo.
Não precisa me entender.

Ana Maria Pupato


Ao meu querido poeta

Recebes à porta muito gentil
todas as damas e cavalheiros
que aquele portal adentram
com muita gentileza e carinho.

Seu sorriso jovial e alegre
encanta a todos que chegam
para comemorar mais um ano de vida
ao seu lado, com muito prazer.

Seus olhos procuram, porém,
por aquela que trará a luz da noite,
a beleza da festa,
o brilho do salão com casais,
o enebriar da música
ao bailar suave e terno
dos corpos se tocando
da troca de olhares profundos.

Ela aparece resplandecente,
trazendo o presente mais precioso
que poderias desejar:
o amor eterno e desejado.

Seus lábios o presenteiam
com a frase ansiada por tanto tempo
como uma rosa a desabrochar:
"Eu te amo para sempre!".

Ana Maria Pupato

Folhas de angústia

Ser vicejante em pleno verão
com toda pujança da juventude.
Desejos e ideais brotando.
Sopra o vento frio do questionamento
que espalha tudo,
cai a chuva de lágrimas da dor
que nubla a visão.
É a estação outonal do recolhimento,
de deixar as folhas da angústia cair,
reconhecer o milagre da renovação da vida.

Ana Maria Pupato