Ele estava tão encantando
com a beleza da moça,
que passava pela sua rua,
que parecia ver duas.
Um dia, animou-se de coragem,
fez o que o instinto lhe indicou,
quando ela se avizinhava na rua
postou-se como quem quer indagar.
- Vejo-te passar todos os dias,
bela e faceira deixando um rastro de alegria,
queria saber teu nome,
senhora dos meus olhos!
- Não sei se devo dizer,
pois não nos conhecemos direito.
- Não há o que temer!
Moro aqui e sou um homem de bem.
Sem quase poder findar a frase,
amigos lhe chamam para a farra costumeira.
Ela aproveita a distração
e vai-se como folha soprada pelo vento.
Ao alvorecer, chega em casa
e lembra-se de que deixou a moça fugir
como água por entre os dedos,
- ah, como resistir aos folguedos da juventude?.
À tardinha, vem ela no seu costumeiro passo,
exalando o perfume de lavanda,
que fazia inveja às mais lindas flores,
guardando seu segredo de mulher.
Novamente, ele a interpela e insiste saber seu nome;
mas, como da primeira vez, ela diz
que não pode revelar,
porque ele parece volátil aos prazeres.
Nesse momento, ele segura em suas mãos,
olha profundamente em seus olhos,
beija-lhe o dorso das duas mãos,
dizendo que estava pronto para ser seu guardião.
Os amigos aparecem, nesse momento,
convidando-lhe para um fim de noite prazeroso.
Ele olha para ela com o olhar cintilante
e diz para os amigos que não se interessa.
Ela lhe oferta um sorriso cúmplice
de quem aceita, mas não se revela totalmente.
Ele sabe que a conquista terá que ser plena,
apaixonar-se todo dia pela mesma mulher!
Ana Maria Pupato - 2016
Baseado na lenda afro-americana Manawee.
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