17/08/2015

Escolhas

                                                               Escolhas

Sempre nos perguntamos se temos escolhas nessa vida. 
E sempre temos. 
O que não podemos garantir são os resultados do que escolhemos porque vários fatores interferem no curso  dessa jornada. 
Escolher é usar o livre arbítrio a que o ser humano tem por direito do uso da razão. Tempere a razão com muito sentimento para que o equilíbrio possa nortear seus 
passos. 
E seja qual for o resultado, a paz será o prêmio, mesmo que pareça ter sido um 
fracasso.

Ana Maria Pupato - 17/08/2015



16/08/2015

Minha primeira crônica

                                                 Minha primeira crônica

Elaborei tantos começos, tantos assuntos e começo pelo óbvio: o começo. Escrever um poema saía com muito mais facilidade. Por quê? Ah, falar do que vem da alma é uma delícia! 
Veste-se uma roupa bonita nas palavras, passa-se um perfume de assunto e uma leve maquiagem para dar forma. Mas, e a crônica? Essa faz parar e questionar que não dá para questionar demais; tem que deixar fluir e sair realidade, todo dia, toda hora... E lá vem 
a palavra mesclada de Bukowski com Veríssimo. Será que consigo fazer essa salada verbal? 
Não tem mais como segurar as palavras, saem a rodo dos meus dedos diante do papel. Não, papel é passado. Bloco de notas. Leio de novo e acho que são um monte de besteiras. Então está bom porque se ficasse sério, não seria. Até a próxima!

Ana Maria Pupato - 16/08/2015


08/07/2015

Brasilidade


Se meu estilo se mescla, derrama e desmancha
É porque sou feita de flores, 
folhas, cores, 

vento e mar ... 
Na insígnia, sou aldeia 
Na bandeira, natureza!

(Imagem por Ana Maria Pupato e poema por Carmem Teresa Elias)

19/06/2015

10º aniversário do grupo AMANTES DO AMOR E DA AMIZADE

Apesar da distância e do rumo,
a minha vida como uma nau
enfunou suas velas e partiu,
deixando em meu peito a saudade


de pessoas que têm o mesmo ideal
de passar para as letras
a alma da poesia em forma de versos
que traduzem a amizade e o amor.

Parabéns por mais uma data
em que comemora a sua fundação
pelas mãos queridas de pessoas

que se dedicam a sua difusão
sendo sempre receptivas e carinhosas
com seus membros de hoje e outrora.

Um grande abraço da amiga Ana Maria Pupato

14/05/2015

ENCONTRO DO SI


REFLEXÕES

SOBRE SER GAUCHE
Raul Albuquerque

Numa entrevista que gravei há quase um ano, flagrei-me pensando sobre se há algo que une todos os poetas no mesmo território. Bem... não foi algo fácil, como devem imaginar, mas Drummond me respondeu a pergunta, em seu "Poema de Sete Faces":
"Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida."
Para alcançar a totalidade do sentido dos versos, deve-se saber que gauche significa "esquerdo" em francês - por "esquerdo", entenda-se "diferente", "incompatível" ou "deslocado". Daí passei a cogitar que o fato de sentir-se gauche une todos os poetas de verdade - o sentimento de não-pertencimento. O desespero pelo que não "se encaixa" une todos os poetas numa caverna e eles permanecem lá, o mesmo desespero que levou alguns à loucura e/ou suicídio é que incita a poesia viva e gritada. A expressão é tão grandiosa que o grande Manoel de Barros só fez traduzi-la quando escreveu "O menino que era esquerdo e tinha cacoete pra poeta". Sobre esse sentimento de não-encaixe, escreve o poeta, maldito por excelência, Charles Baudelaire, em seu poema "L'albatros", do livro "Les Fleurs du Mal":
"O Poeta se compara ao príncipe das alturas
que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
exilado no chão, em meio à turba obscura,
as asas de gigante impedem-no de andar."
Baudelaire escreve que o Poeta "ri da seta" das palavras, dos versos, das rimas, pois a língua e a poesia não lhe são problemas, causam-lhe até encanto, mas "exilado" na vida comum, no plano dos atos, das cobranças, dos horários, dos prazos de entrega, as mesmas asas (que o fazem voar) atrapalham-no no andar.
O múltiplo (e multiplamente gauche) Fernando Pessoa, em seu ortônimo "ele mesmo", escreve em seu poema "Andaime" sobre o que ele não é (e acaba concluindo que ele não é o que deveria ser):
"Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.
[...]
Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim -
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser - muro
Do meu deserto jardim."
Meu argumento em favor de minha teoria vem da poetisa mais mais que eu conheço: Cecília Meireles. Ela escreve em tom de revelação óbvia que seu estado de "poeta" é tão incomum que nem pode se encaixar nas denominações "alegre" ou "triste", há algo mais gauche que não saber se é/está feliz ou triste?!
"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."

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Com esse artigo, fechei a conclusão do que estava amadurecendo em mim. Em uma primeira etapa da minha jornada, em que a poesia desponta na alma juvenil, o lírico marca como passo inicial compatível com a própria idade. Mais tarde me vem o contato maior com quem chamo de grande iniciador da maturidade literária - Carlos Drummond de Andrade. Lendo toda a sua obra, sinto o mesmo chamamento de ser "gauche", sendo por muitos anos o estilo mais maduro e centrado no cotidiano da alma. Quem é gauche sabe que a inconstância é o termômetro do artista e deparo-me com as obras de Osho e Nietzsche que me levam a quebrar paradigmas.
Surge em mim a crise filosófica-existencial que amadureceu ao longo desses anos e se consolida com a volta aos meus trabalhos.
Ana Maria Pupato