27/06/2016

Descanse em paz, velho Chico...

Descanse em paz, velho Chico...

É, Chico, pois é,
gostava de te ver entre a gente,
debaixo daquele sol quente,
quietinho, calado,
só observando...

É, Chico, pois é,
te achava tão de juízo,
daqueles que têm dente siso
- que até li seus livros! -
que não se junta com falastrão.

É, Chico, pois é,
apertei tua mão,
falei de você prum montão,
fiquei triste e chateada
quando você não ganhou.

É, Chico, pois é,
te achei homem de brio
quando largou aquele bando 
de filho da malquerença e da inveja
e teve coragem de caminhar sozinho.

É, Chico, pois é,
você mudou tanto
que não te reconheço.
Juntou-se aos falastrões,
que prefiro guardar tua história
como uma lenda.

Ana Maria Pupato - 2016


22/06/2016

Deixe-me caminhar contigo?

Ele estava tão encantando 
com a beleza da moça,
que passava pela sua rua,
que parecia ver duas.

Um dia, animou-se de coragem,
fez o que o instinto lhe indicou,
quando ela se avizinhava na rua
postou-se como quem quer indagar.

- Vejo-te passar todos os dias, 
bela e faceira deixando um rastro de alegria,
queria saber teu nome, 
senhora dos meus olhos!

- Não sei se devo dizer, 
pois não nos conhecemos direito.
- Não há o que temer!
Moro aqui e sou um homem de bem.

Sem quase poder findar a frase,
amigos lhe chamam para a farra costumeira.
Ela aproveita a distração 
e vai-se como folha soprada pelo vento.

Ao alvorecer, chega em casa 
e lembra-se de que deixou a moça fugir
como água por entre os dedos,
- ah, como resistir aos folguedos da juventude?.

À tardinha, vem ela no seu costumeiro passo,
exalando o perfume de lavanda,
que fazia inveja às mais lindas flores,
guardando seu segredo de mulher.

Novamente, ele a interpela e insiste saber seu nome;
mas, como da primeira vez, ela diz
que não pode revelar,
porque ele parece volátil aos prazeres.

Nesse momento, ele segura em suas mãos,
olha profundamente em seus olhos,
beija-lhe o dorso das duas mãos,
dizendo que estava pronto para ser seu guardião.

Os amigos aparecem, nesse momento,
convidando-lhe para um fim de noite prazeroso.
Ele olha para ela com o olhar cintilante
e diz para os amigos que não se interessa.

Ela lhe oferta um sorriso cúmplice
de quem aceita, mas não se revela totalmente.
Ele sabe que a conquista terá que ser plena,
apaixonar-se todo dia pela mesma mulher!

Ana Maria Pupato - 2016
Baseado na lenda afro-americana Manawee.





02/06/2016

O caminho

Ela amava demais,
atraía algozes
de sorrisos dissimulados,
cobravam sacrifícios

Seu guia era a ingenuidade,
tudo fazia para agradar.
Só que o algoz acaba cobrando
uma prova de morte.

Na busca dentro da mata densa,
começou a se refugiar na boneca,
trazida da infância - 
sua intuição, guia seguro.

Enfrenta desafios, 
mas encontra a que sabe tudo,
que recria a vida,
que dá o lume.

Na volta vem carregando
o facho da iluminação,
que mostra que a vítima morreu -
hoje, dona de seu destino.
cobravam sacrifícios

Seu guia era a ingenuidade,
tudo fazia para agradar.
Só que o algoz acaba cobrando
uma prova de morte.

Na busca dentro da mata densa,
começou a se refugiar na boneca,
trazida da infância - 
sua intuição, guia seguro.

Enfrenta desafios, 
mas encontra a que sabe tudo,
que recria a vida,
que dá o lume.

Na volta vem carregando
o facho da iluminação,
que mostra que a vítima morreu -
hoje, dona de seu destino.

Baseado no conto russo "Vasalisa, a sabida".


Falas e falácias

Falas e falácias

Eu falo, não cuspo;
eu falo, não vomito;
eu falo, não fico em cima do muro;
eu falo, não imito;
eu falo, não engendro monstros.

Eu falo, mas te respeito;
eu falo, mas te entendo;
eu falo, mas raciocino;
eu falo, mas pesquiso;
eu falo e falarei sempre!

Ana Maria Pupato - 2016


FOI GOLPE DE KRAV MAGA!!!