26/01/2010

OLHOS DE MEUS PENSAMENTOS








Hoje é mais um daqueles dias
Que deitado em minha cama
Meu olhar perdido inerte
No branco teto do meu quarto
Fazem que
Os olhos de meus pensamentos
Me passem o longo filme de minha vida..

Os olhos de meus pensamentos
Me transportam a um passado longínquo.
Por mais que eu tente ficar bem comigo mesmo,
Não consigo.
Vem-me a lembrança de meu amado pai.
Me vejo criança
Cambota
Com uniforme escolar sujo e amassado
Descabelado com o par de sapatos,
Tanque colegial
Um com o cadarço amarrado ao outro
Jogado sobre meus ombros,
Descalço entrando na oficina mecânica dele
E ele feliz sorridente vindo em minha direção
Com os mesmos dizeres de sempre:
Lá vem meu poeta!
Ah, que saudades... Que saudades!
Janeiro se aproxima
E lá se vão trinta e nove anos sem ele...



Os olhos de meus pensamentos
Me levam para mil novecentos e setenta e seis.
Me vejo sentado na pequena praia da Urca
Ao lado de minha Regina.
Ela com sua rouca voz interpretando Janis Joplin
Dedilhando as cordas de seu violão
E eu,
Maravilhado ficava.
Ah, Regina!
Como eu lutei pra te tirar das drogas.
Você conseguiu ficar um bom tempo sem elas,
Mas acabou por não resistir
E elas,
As drogas,
As drogas te levaram pra debaixo da terra.
Me culpo até hoje minha prenda
Por não ter sido suficientemente forte
Pra te salvar.
Você Regina
É uma saudade muito grande
Que dela não consigo me livrar
E-DA-Í,
Que março também se aproxima
E justamente no dia de meu aniversário,
Você partiu drogada
Vivendo o colorido que a vida real não tem
Nessa viagem sem volta
Para o desconhecido mundo do além...



A vida é cheia de altos e baixos
E nessa leva se foi minha mãe,
Meu irmão,
E muitos,
Mas muitos amigos que eu os estimava.
Meus amigos,
Alguns se foram por doenças
Outros por acidentes
E uma boa parte,
Levados pelas malditas drogas.
Ah, malditas drogas alucinógenas
Eu nunca as usei,
Mas sempre estão presentes
Levando de assalto,
Pessoas que as amo...

Estou por aqui ainda
Não sei por quanto mais tempo.
Vou seguindo pelas madrugadas
Sempre acompanhado de meu cotoco de lápis
Uma folha ou mais folhas de papel pelo barzinho de minha vida
Onde várias pessoas se fazem presentes
E fico eu
Com meu cotoco de lápis
Papel
Meus cigarros
Minha tequila
Minhas cervejas
Sentado a frente de um balcão
Sobre o banco que o batizei;
Solidão!...

É Natal, que Natal!...



Eddyr o Guerreiro
Catador de letras e formador de palavras

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