26/01/2010

POETA INVISÍVEL DA VISIBILIDADE

As poesias que escrevo,
Dizem ser poesias,
São as canções não musicadas
Que existem guardadas
Nas gavetas de meu coração...

São canções sem som
São canções silenciosas
Não escutadas somente lidas.
Minhas letras às vezes assustam
Outras vezes provocam até risos,
Mas há também
Aquelas que tocam almas
Que balançam corações...

Eu me faço canções
Me escrevo poesias
Tropeços nas rimas
Atropelo pontuações,
Mas no prestarem atenção
No entrarem em meus textos
Muitos se envolvem
E passam a viver meus momentos.
Outros sei que até riem
No sentido de deboche,
Pois já não só me escreveram
Como já me disseram
Que como lixo cultural
Meus escritos são valiosos
E como poeta sou o invisível da visibilidade.
Tento entender até hoje o que é ser
Um poeta invisível da visibilidade.
Acho que essa nem o saudoso Nelson Rodrigues,
Saberia explicar...



Não escrevo para poses
Não sei fazer caras e bocas
Quando não encontro uma palavra decente
Na certeza entrará um palavrão.
Sempre afirmo em minhas linhas
Que sou poeta das ruas das vilas e becos.
Sou poeta dos balcões de bares e biroscas
Sou das madrugadas,
Não me faço boêmio, sou madrugueiro.
Já fui jovem
E na minha juventude,
Poetizei a Zona de Meretrício
Como também muitas de suas damas belas mundanas
Quando não,
Me intitulo catador de letras e formador de palavras...

O tempo avançou, avança e avança
E com ele vou avançando mais ainda,
O tempo é testemunha de meus atos
O que escrevi em protestos
Muito foi usado
E hoje o que escrevo
Escrevo de forma depoente e poética
Ao tudo que essa vida me faz viver.
Não sou dos palcos teatrais
E nem dos salões de clubes.
Não suporto lançamento de livros
Gosto isso sim; de ler livros
Seja ele de qual for o autor
Onde sei que nunca eles hão de me ler...



Já fui aplaudido... Abraçado e beijado,
Mas também das vezes que declamei em praças públicas,
Já ganhei ovadas... Tomatadas...
E até mesmo pedradas.
Sou o que sou,
Enquanto puder em linhas me expressar
Diante as injustiças jamais vou calar.
Se nesse meu país,
Se é que ainda posso chamá-lo de meu
A literatura por seus governantes
Fosse valorizada,
Não haveria poetas... Escritores... Cronistas... Compositores,
Ainda vivendo no anonimato.
Prefiro o anonimato
Do que ser baba ovo deste governo
Como muitos hoje,
Os consagrados assim os são...



Eddyr o Guerreiro

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